A Umbanda é uma religião eminentemente espiritista e espiritualizadora. Portanto, a fé professada pelos seus praticantes, médiuns em sua maioria, exige uma crença forte em Deus e na existência do mundo espiritual que interage o tempo todo com o plano material. Analogicamente, podemos comparar a crença umbandista à do cristianismo, que tem em Deus o Criador Supremo (Olodumare ou Olorum) e em Jesus o seu maior mistério (sincretizado com Oxalá). Mas, tal como no cristianismo há as cortes de anjos, arcanjos, querubins, serafins, etc., na Umbanda há hierarquias de Orixás (Ogum, Xangô, Oxóssi, Yemanjá, Oxum, Yansã, etc.) que têm funções análogas, ainda que sejam enfocadas e cultuados segundo rituais próprios.

Para entender a fé na Umbanda é preciso mergulhar fundo em sua essência religiosa, porque um umbandista convicto não é uma pessoa contemplativa e interage o tempo todo com o mundo espiritual e também com o universo divino, já que é, em si um templo vivo e através do qual os Sagrados Orixás manifestam suas vontades. A fé, na Umbanda, é mais que uma questão de crença. É um verdadeiro ato de fé, pois um umbandista é o meio natural por onde a religião flui com intensidade e mostra-se em toda a sua grandeza e divindade, ainda que de forma simples e adaptável às condições do seu adepto. A fé, na Umbanda, transcende e torna-se um estado de espírito através do qual são realizadas as giras ou sessões de atendimento das pessoas necessitadas de auxílio espiritual e de orientação doutrinária e religiosa.

Fé, na Umbanda é sinônimo de trabalho em prol do próximo, de evolução consciencial e transcendência espiritual para os seus adeptos e seus médiuns praticantes. A fé é ensinada como a integração da pessoa ao seu Orixá Regente, que é sua ligação superior com Deus, com Oludumare, o Senhor do nosso destino e da nossa vida. Crer em Deus e nos Seres Divinos manifestadores dos Seus Mistérios Sagrados é natural nos umbandistas e dispensa maiores esforços nesse sentido, já que a mediunidade é o meio mais rápido de integração com Ele e seus manifestadores, os Orixás.

A Umbanda é Sagrada porque é uma religião onde os mistérios de Deus têm uma feição humanitária e estão voltados para nossa evolução e nosso amparo espiritual, assim como de todas as pessoas que frequentam seus templos, também denominados de tendas.

Cremos em um Criador Supremo; cremos na existência das hierarquias divinas; cremos na manifestação dos Sagrados Orixás através da incorporação de suas vibrações mentais; cremos na existência do mundo espiritual; cremos na interação deste mundo superior com o nosso mundo material. Enfim, a fé, na Umbanda é mais que uma questão de crença, é um estado de espírito e é muito mais que o ato de crer em Deus, é o ato de realizar-se Nele, enquanto seres espirituais gerados por Ele, o Senhor Olorum, o nosso Divino Criador!

A Umbanda, Religião de amor, conjunto das Leis Naturais, forma Umbandistas que, se realmente atingiram certo nível de harmonia com a Energia Primordial, que a tudo e a todos anima, se destacarão pela conduta reta e valorização das coisas espirituais e a conscientização de que as coisas do mundo são passageiras. Não se sobrepõe aos seus irmãos, de todos os Reinos da Natureza, em busca de vantagens para sí, de poder e de riquezas. A Umbanda “convida ao convívio” com a natureza e não a sua dizimação… ao fortalecimento da vida e não ao seu extermínio. Ela promove a imanência do amor nas vidas humanas e não a vivência do amor próprio ferido.

A Umbanda reconhece o Espírito Divino através do Cristo, e toma os ensinamentos de seu Evangelho como guias de sua postura no mundo. A Umbanda reconhece, na magnitude dos Orixás, dos guias e dos seus trabalhadores, a força da natureza e espiritual que é colocada à nossa disposição, para que possamos alcançar a felicidade, a harmonia e o amor. Esse amor puro, proveniente da sua fonte, a Energia Divina, não tem afinidade com o fanatismo religioso, a crendice, a superstição, o medo e a ignorância, a inveja, a intolerância, a maledicência, e todos os sentimentos, pensamentos e vibrações negativas.

Umbanda é paz, amor e caridade.

Que o ato de bater cabeça ante o nosso Congá, como símbolo de respeito e humildade, nos ensine a fazer o mesmo ante o Congá, de nossa Energia Primordial: a Natureza, representada por tudo aquilo que é parte dessa mesma Energia. Relembremos que Homem e Natureza não são separados, mas unos, Divinos.

By Rubens Saraceni, adaptado pelo TUSS