Babá Egun

O culto aos Egunguns trata-se do culto aos Ancestrais, os quais têm o merecimento de apresentar-se invocados em forma corporal. Apenas os espíritos devidamente preparados podem ser invocados e materializados.
Nos Terreiros devotados aos Egunguns, a invocação dos ancestrais converte-se na essência do culto, e não a invocação dos Orixás, como nos Terreiros de Candomblé.
O culto aos ancestrais é também o culto ao respeito hierárquico, aos “mais velhos”. Os Egunguns abençoam, aconselham, mas não são tocados e permanecem isolados dos encarnados, controlados pelos sacerdotes (Ojés). Apresentam-se com vestimentas coloridas, ricas e com símbolos que permitem ao observador identificar sua hierarquia.
Os Egunguns mais antigos são conhecidos como Agbás, manifestam-se envolvidos por muitas tiras coloridas (abalás), espelhos e por um tipo de avental (bantê). Os mais jovens são os Aparakás, sem vestimenta e forma definidas. Nesse culto, manifestam-se apenas os ancestrais masculinos, sendo também cuidados apenas por homens, embora haja mulheres com funções específicas no culto.
Por outro lado, Oya Igbalé, também conhecida como Yansã Balé, é considerada e respeitada como rainha e mãe dos Egunguns, cultuada, portanto, em assentamento próprio e especial.
O foco do culto aos Egunguns em solo brasileiro seria a Ilha de Itaparica, a partir dos Terreiros de Vera Cruz (cuja fundação data de cerca de 1820); da fazenda de Mocamdo, em local conhecido como Tuntun; e da Encarnação. Todos esses Terreiros são ancestrais do Ilê Agboulá, no Alto da Vela Vista. Já no continente, em Salvador, destacou-se o Terreiro do Corta-Braço, na estrada das Boiadas, hoje o bairro da Liberdade.
Em contrapartida, as mulheres organizaram-se em sociedades como Geledé, Geledés ou Gueledés. Segundo Nei Lopes, Gueledés são:

[…] máscaras outrora usadas no Candomblé do Engenho Velho, por ocasião da Festa dos Gueledés, em 8 de dezembro. O nome deriva do Ioriubá Gèlèdé, sociedade secreta feminina que promove cerimônias e rituais semelhantes ao da sociedade Egungum, mas não ligados a ritos funerários, como dos daquela. Por extensão, passou a designar as cerimônias e as máscaras antropomorfas esculpidas em madeira. No Brasil, a sociedade funcionou nos mesmos moldes iorubanos e sua última sacerdotisa foi Omoniké, de nome cristão Maria Júlia Figueiredo. Com sua morte, encerram-se as festas anuais, bem como a procissão que se realizava no bairro da Boa Viagem. […]

            A própria Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, fundamental para a organização do Candomblé tal qual o conhecemos hoje reflete a força do feminino no culto aos Orixás.

Egum (do iorubá “égun”, “osso”, “esqueleto”) significa espírito, alma do desencarnado. Ao contrário do uso popular, não representa necessariamente espíritos de vibrações deletérias (sem a acepção negativa, por exemplo, pode-se dizer que um Preto-Velho é um Egum).

Significado da Carta
Transformação. Morte (não necessariamente física).

Significado Oposto
Fertilidade. Desenvolvimento. Influência de Júpiter, do Sol e da Lua.

Recado de Babá Egun
Respeito à ancestralidade, que protege, orienta, ampara. Todos estamos conectados com o plano espiritual. A morte (em qualquer nível) como elemento de transformação, como portal aberto para novas realidades. Transformações. Fim de ciclos e início de outro.